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Atraso no pagamento de precatórios gera lucro para o TJSP

Atraso no pagamento de precatórios gera lucro para o TJSP

Após uma análise detalhada do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) feita em 2022, a conclusão do órgão é que o TJSP lucra com o atraso no pagamento de precatórios estaduais. Ou seja, a prática, que é considerada inconstitucional, mostra o descumprimento do tribunal em relação à quitação de títulos públicos de origem do estado de São Paulo.

De acordo com o CNJ, a decisão é definitiva e não cabe qualquer justificativa. Na prática, acontece o seguinte: enquanto a Unidade de Processamento das Execuções contra a Fazenda Pública de SP (Upefaz) levanta os dados de pagamento dos precatórios, o dinheiro rende 0,28% no Banco do Brasil. Ou seja, quanto maior for o tempo para quitação, maior é o rendimento obtido pelo TJSP.

Precatórios estaduais de São Paulo em 2022

No último ano, os números do governo paulista mostram que o estado destinou R$ 2,99 bilhões para o pagamento de precatórios. Em outras palavras, a cada mês em que o monte permaneceu retido no BB, houve um ganho para o TJSP de R$ 8,4 milhões.

Na jurisdição do TJ de São Paulo estão todas as prefeituras do estado, autarquias, fundações e universidades públicas vinculadas ao poder público. Por isso, especula-se que a receita oriunda dos rendimentos tem utilização em obras e aquisição de bens e materiais para o próprio tribunal.

O que diz o TJSP sobre o atraso no pagamento dos precatórios

Em sua defesa, o TJSP afirma que o atraso no pagamento dos precatórios em São Paulo existem. Porém, eles não podem ser vinculados à geração de lucro do órgão. Isso porque o tribunal considera que o maior problema é o acúmulo no número de processos no estado.

 “Em São Paulo, não é diferente, seja por causa da desatualização de dados. Também falta de recursos públicos para a quitação dos títulos e até mesmo morosidade entre o julgamento de uma ação, sua inclusão na LOA e, por fim, o pagamento ao credor”, afirma Guerra.

Atraso no pagamento de precatórios gera lucro para o TJSP

Contudo, a realidade é que a liberação dos pagamentos em São Paulo levam em torno de dois anos até sua conclusão. Afinal, só após a aprovação do Upefaz acontece o depósito do valor em conta pela Diretoria de Execuções de Precatórios (Depre).

Já a Ordem dos Advogados do Brasil se posicionou a favor da proibição dos contingenciamentos, mas ainda não há um parecer final sobre o pedido. Do outro lado, o desembargador Luiz Paulo Aliende Ribeiro discorda da medida. Segundo ele, o atraso no pagamento dos precatórios paulistas acontecem pelo fato de lidarem com “um problema de 30 anos que envolve milhares de processos”.

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Matheus Alvarenga

Especialista em direitos creditórios e sócio da Precato, empresa líder no Brasil em antecipação de Precatórios Federais. Atua desde 2012 no mercado financeiro, com mais de R$ 1 bilhão intermediados em operações.

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